domingo, 21 de novembro de 2010

Amor Barato [Parte 1]

Primeiramente, gostaria de explicar sobre esse post. Este, à seguir, será um conto mais trabalhado. Postarei ele em partes, de acordo com o tanto que vou escrevendo. Espero que gostem e que sigam este conto junto comigo.
Grato
Pedro Alcamand Mota.
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Com aqueles olhos claros, as conquistas eram fáceis de se conseguir . Em troca de beijos e chamegos, roupas caras e penteados eram lhe dados. Não amava nenhum homem sequer, amava as roupas e o cartão que eles possuíam. Era mulher de muitos, de ''trouxas'', como ela mesmo dizia. Homens carentes que necessitavam de um peito robusto e coxas graciosas para deitarem e se esfregarem. Eram tarados de classe alta, que saíam de casa mais cedo para ganhar algumas horas de amaços com uma bela e fútil mulher.
Vanuza, Patricia, Roberta ou até Samanta. Possuía diversos nomes em seu grande armário de mentiras e atuações. Vivia de festas e bebidas, sexo e drogas. Ganhava dinheiro, e muito, acompanhando grandes chefões em grandes camas, em grandes quartos. Não tinha muitos sonhos, apenas um: Casar-se com um corôa rico e ficar com sua herança. Sairia daquela vida, iria virar madame, iria ser respeitada.  
Vivia na pensão da dona Joaquina, pagava míseros 200 cruzeiros. Era um lugar sujo e com comida ruim, mas não precisava daquilo. Jantava com os maiores chefes da cidade, comia nos restaurantes mais chiques e não pagava um tostão. Dormia nos melhores motéis e bebia os melhores champanhas da cidade, com velhos gordos e rabugentos que apenas olhavam para seus seios fartos, sedentos de desejo. Não se incomodava com a luxúria daqueles homens. Sua vida era boa, tinha tudo o que queria em troca de uma coisa que lhe dava ''prazer'', era um negócio justo. Vivia a vida intensamente, do jeito que queria, sem medo de fazer o que queria fazer. Não se importava com os falsos moralistas, que sempre estavam de plantão. 
Nunca sentiu algum calor em seu coração, era mulher fria desde pequena. Aprendeu com a vida, caindo e caindo. Lutou sozinha, sem mãe nem pai, sem beijo de boa noite ou sorrisos de bom dia. Era menina da rua, ''maria sem vergonha''. Amava o dinheiro e o status. Seu coração calejado já não sentia as dores da solidão, havia virado pedra há tempos.
Acordava sempre mais cedo que seus clientes. Checava a carteira dos homens, retirava apenas as notas altas, fumava um cigarro na varanda do quarto e sumia, como vento. Partia friamente para seu próximo cliente, não aceitava beijos de despedida ou qualquer gesto de afeto além de sua relação profissional. Nunca teve uma vida amorosa, não queria decepcionar um pobre homem iludido.
14 horas, Avenida Paulista, esquina com Alameda Santos. Foi o ponto de encontro com o novo cliente. Era um homem extremamente magro, usava um óculos redondo e razoávelmente grande e um topete desarrumado. Cumprimentaram-se com um aperto de mão, ela começou a tratar dos negócios, ele a levou para sua casa. Colocou um Vinil do Chico para tocar e sentou-se em sua poltrona favorita. Disse que só precisava conversar, não tinha amigos e não queria nenhuma relação com a senhorita ali sentada. A moça estranhou, nunca foram tão cordial como o rapaz estava sendo. Ela estranhou mais ainda por ele não a desejar, por só querer uma companhia. Teve pena. Calou seus pensamentos, havia dinheiro em jogo, ela não se importou com aquilo mais.

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