sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Parresía


- A virtude de não ser politicamente correto -
"Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares

No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou"
- Clara Nunes, in "Canto das Três Raças"
Sempre admirei aqueles que protestaram ante às ideologias e circunstâncias da vida.
São dignos de honra os que, por não terem papas na língua, expuseram suas ideias integralmente, sem omitir partes de seu ideal.
Souberam expressar-se. Enfrentaram as oposições. Calaram as vozes alheias.
Nunca se preocuparam com a política do "politicamente correto", que faz-nos aceitar as tolerâncias propostas, proibindo o humor crítico e fechando-nos com nossas ideias que, ao invés de levarem luz para o mundo, apodrecem nos cárceres de nosso intelecto.
Ao deixarmos a liberdade agir, ganhamos o espírito de Parresía.
Jamais diremos as coisas pela metade e, recusando-nos ao posto de embaixador da mentira, seremos sempre impulsos para discussões abertas.
Discussões essas, atritos esses, que conduzem à tão desejada conclusão.
O espírito de Parresía nos ensina a não dizer nada pela metade e encararmos o mundo com olhos bravos, sem jogar para a torcida.
Pois acabaram por ganhar o bom juízo histórico aqueles que, ainda assim, não temeram os juízes humanos.

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